domingo, 30 de novembro de 2014

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Quem poderia imaginar que aquele abraço, aquele beijo, aquele cafuné, aquele colo, que um dia tanto trouxeram paz e conforto, hoje em dia, são causas de tamanha asfixia... Como é ruim ver uma foto e sentir tanto medo, tanto pé atrás, tanto temor... )=

terça-feira, 30 de julho de 2013

Crônica do procrastinador

Acordou, olhou o relógio, pensou, lembrou ser essa a última semana de poder acordar esse horário, molemente se levantou, ligou o computador, ligou o chuveiro, deu uma mijada, testou a temperatura da água, tirou o short, entrou no banho, deixou a água cair sobre sua cabeça, enquanto acordava, pensava mais, aos poucos ia embalando seu ritmo ainda que contra sua vontade. Desligou o chuveiro, pegou a toalha, secou primeiro o peito, depois o rosto, depois o resto, vestiu a cueca, a calça, passou desodorante, vestiu a camisa, arrumou o cabelo rapidamente sem pente mesmo, secou o ouvido, saiu do quarto, entrou na cozinha, abriu a geladeira, pegou um pão, presunto, queijo, requeijão e o leite, preparou tudo, serviu café, serviu leite, comeu, bebeu, preparou seu lanche para a tarde, voltou pro quarto, escovou os dentes.

Saiu de casa, pôs o óculos, desceu a rua, esperou o ônibus, entrou, pagou, sentou, divagou, desceu. Caminhou em direção a seu emprego meia boca, no caminho fumou um cigarro, se xingou por isso, apagou, pôs a bala na boca, pôs o crachá no pescoço, tirou o óculos, entrou, sentou, fingiu gostar de todo mundo ali, fingiu gostar daquilo, fingiu estar satisfeito, saiu pra almoçar sozinho, como todos os dias desde que começou ali, acendeu outro cigarro, apagou, entrou no restaurante, serviu, comeu, pagou, saiu, acendeu outro cigarro, voltou praquela sala, sentou, aguentou, deu sua hora, foi embora, caminhou, esperou o ônibus, entrou, pagou, sentou, divagou, desceu.

Fez o caminho inverso até sua casa, entrou, foi pro quarto, tirou a roupa, ligou o chuveiro, deu uma mijada, testou a temperatura da água, entrou no banho, deixou a água cair sobre sua cabeça, enquanto relaxava, pensava mais, ainda que contra sua vontade. Desligou o chuveiro, pegou a toalha, secou primeiro o peito, depois o rosto, depois o resto, vestiu o pijama, secou o ouvido, saiu do quarto, entrou na cozinha, abriu a geladeira, pegou um pão, presunto, queijo, requeijão e o leite, preparou tudo, serviu o leite, misturou o chocolate, comeu bebeu, voltou pro quarto, escovou os dentes, sentou em frente o computador que deixou ligado desde cedo, leu, pensou, começou a escrever, uma linha, duas linhas, um parágrafo, dois parágrafos, três parágrafos, não terminou, ele não termina nada, só publicou o texto e foi dormir.

domingo, 14 de julho de 2013

Tão significativo que a boca cala, os dedos se imobilizam e o coração se une

Que a vossa luz incida sobre mim e me torne tão boa quanto eu posso ser. Que seja permitido a mim a graça do meu merecimento. Que o caminho por mais difícil, me ensine as suas lições. Que meu orgulho e vaidade sejam somente suficientes para manter-me viva e firme. Que minha conduta seja incorruptível, assim como vosso amor. Que por mais que doa e pareça injusto, eu possa em algum momento entender e aceitar vossos propósitos. Que minhas escolhas sejam guiadas por vossa luz e que o dano que eu causar seja o menor possível, de modo que com ele eu não me puna mais do que devo, mas que seja exemplo de como não agir. Que me mantenha íntegra diante das tentações e ofertas vãs, pois a eternidade se conquista em uma mente tranquila e em uma alma pura. E por fim, que o Senhor esteja conosco além de como pecadores, mas humildemente como seres que almejam evoluir e descansar em vossa paz.

Andei pensando em postar, aí li essa oração, então percebi que essas palavras falaram por mim. Obrigado por tudo.

sábado, 4 de maio de 2013

Lindo horizonte

Certa ocasião, me encontrei em uma trilha com o mundo, à minha esquerda, desaparecendo num horizonte de perder o fôlego, numa das visões mais lindas que eu me lembrava de ter visto e, ao meu lado direito, contrapunha-se um enorme monte rochoso, com pedrinhas caindo o tempo inteiro e muita poeira despencando, quase pintando o meu corpo com aquela cor acinzentada. À minha frente, exibia-se uma subida, íngreme, constante, lotada de pedras soltas que a qualquer momento poderiam simplesmente se soltar e, ao pisar, me fariam cair lá de cima. Ao me virar, deparei-me com uma estrada, um seguimento daquela trilha, porém asfaltado, como se aquele ponto em que eu me encontrava fosse o começo daquela trilha.

Fiquei me questionando, tentando lembrar qual o caminho feito por mim até chegar àquele lugar, mas não consegui, apenas me perdi naquele horizonte, sentindo aquelas pedrinhas caindo sobre mim, mas as ignorando, via aquela vastidão com os olhos brilhando, esperando a hora em que, da mesma forma que cheguei, eu iria embora, mas, ao mesmo tempo que eu esperava essa hora, eu ansiava para que ela não chegasse nunca. Ignorei aqueles dois caminhos, as pedras caindo sobre mim, optei por enxergar a beleza à minha frente, mas no fundo, eu sabia que o risco de ficar ali era grande, a qualquer momento poderia cair alguma pedra grande em mim, e também, eu não iria embora como num passe de mágica, eu teria que optar em subir e ver onde daria aquele caminho perigoso ou descer e ver onde aquele caminho me levaria. 

Pensava em tudo isso com o coração apertado, pois a vida me forçava a escolher por onde eu iria, e eu sabia que se eu subisse, seria infinitamente mais difícil, mais perigos eu encontraria, mas chegaria ao topo da montanha e lá de cima contemplaria o mundo de uma forma inédita e mais espetacular ainda que naquele momento e se descesse, encontraria um caminho mais fácil, mais brando, que me levaria à segurança, mas me faria perder aquela vista maravilhosa, não contemplaria algo como aquilo novamente. Cabia apenas a mim escolher, por mais difícil que possa ser, é apenas minha essa escolha. 

Eu sigo olhando para o chão, mas de esguelha, vislumbro aquele mundo maravilhoso e isso me motiva a continuar subindo. 

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Mudanças!?

Recentemente, me peguei forçado a pensar naquelas coisas que a gente evita de pensar, mas que certas situações nos obrigam. Pois é. Numa caminhada solitária hoje, fui sorteado com esses pensamentos extremamente confusos e delicados. Pra variar, foi caminhando, pra minha sorte, que tudo isso veio à minha cabeça e foi quando divaguei e planejei este post inteiro. Bem, quase inteiro, pois, a gente nunca sabe muito bem como vai por em palavras pensamentos, ainda mais tão emaranhados. 

Não importa o quanto você oferece, o quanto você faz, o seu erro sempre vai prevalecer. Essa tem sido uma regra bem recorrente na minha vida. É igual aquele negócio, o cara pode ajudar uma comunidade, colocar comida na boca de mil crianças por semana, tratar todos com carinho e fraternidade, mas um dia, num descompasso, num momento de raiva, ele mata uma pessoa dessa comunidade, aí vai preso. Não importando aquelas mil crianças que comiam graças a ele, tudo que ele fazia por todo mundo ali dentro. O tempo vai passar, ele vai cumprir sua pena, vai sair da cadeia e, pronto, o cara nunca mais vai poder pisar lá dentro e sempre vai ser lembrado como o cara que matou aquela pessoa na comunidade, não importando os esforços que ele fez por aqueles e está disposto a continuar fazendo. Claro, este foi um exemplo bem extremo desta regra, mas reflete bem o que tem sido.  

O que importa é que, voltando a falar de mim, eu mudei, errei, mas aprendi com meus erros, paguei por eles, aceitei as condições estabelecidas e o que ganhei em troca? Desconfiança. Pois é. Pura e simples desconfiança. E olha que aqueles que me crucificam têm teto de vidro hein!? Hoje, falam das escolhas erradas que fiz no passado, que se eu tivesse optado por aquilo que todo mundo iria querer, de me manter superficial, tudo iria transcorrer bem. Pois é. Não sou chegado a superficialidades. 

As minhas decisões implicaram em onde estou, implicaram em onde está também. Não me arrependo nem por um segundo. As promessas feitas, as palavras ditas, a entrega, não me arrependo nem por um segundo, justamente porque não sou chegado a superficialidades, não estive aqui embasado no que eu não acreditava ou o que não queria. Vivi com intensidade, lutando até o final pra que desse certo, justamente porque não sou chegado a superficialidades. Sim, sou doente, tomo remédio, vou a terapia, mas a culpa disso tudo não é da minha doença, é da minha humanidade, pois se errei, não foi porque sou doente, foi porque sou humano, e como humano, você também está sujeita a errar. E errou, apesar de não aceitar. Um erro é um erro, e não tem tamanhos diferentes.

Apesar de tudo isso, eu vivi tudo que tinha pra viver com amor, disposto a realmente fazer acontecer, os planos de quando formasse e eu passasse no concurso, os sorrisos sinceros quando pensávamos na panqueca, no melancia, e as gargalhadas mais sinceras ainda quando falávamos de sr. churros e sra. kinder chocolate. Tudo isso agora fica para trás, junto com os erros que cometemos, erros mínimos se comparados a tudo isso que sonhávamos, quer dizer, eram mínimos pra mim, por que perto dos meus sonhos, os seus erros eram ínfimos, tolo fui eu de imaginar que os meus sonhos eram os seus sonhos também. Mas igual você diz aos sete ventos, vou me esforçar, me desenvolver e ser um homem melhor, na verdade, vou continuar sendo o homem melhor que eu já era pra você. 

Porque eu mudei. E sabe, estive pensando nesta divagação da minha caminhada, eu realmente mudei, e logo em seguida pensei: - de que vale a pena a mudança?, mas aí lembrei que eu mudei para mim, eu mudei para mim, por que eu queria ser melhor pra você, e então lembrei de que vale a pena.Vale cada pedaço que mudou dentro do meu corpo, por que foi puro, de dentro pra fora. Mas sabe, como sempre, me deu um estalo e eu lembrei que eu estava caminhando sozinho, quando era pra você estar ao meu lado, daí percebi que nada mudou, eu continuo colecionando fracassos.

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Uma leitura imaginativa

Sentado ali na praça, enquanto folheava seu livro e esperava o término do que esperava, observava o movimento cotidiano. Observava cada um passando por ali, então esquecera até do livro em suas mãos. Imaginava quantas histórias haviam caminhando apressadas, lentas, trôpegas, eretas, curvadas, retilíneas, curvilíneas. 

Cada um que passava se apresentava como um livro aberto para sua cabeça imaginativa. Andavam por ali, com suas páginas abertas, vez ou outra via pular frases de dentro daqueles livros. Frases soltas, aparentemente sem significado, mas que dentro daqueles livros mudariam cursos das estórias, - ou histórias? -, não sabia, e não se importava, apenas imaginava.

Via, daquele banco, a limitação do seu conhecimento. Quanta coisa para ouvir, quanta coisa para conhecer, para ler. Quanta coisa para aprender. Daí para se sentir incapaz foi um pulo, não só incapaz, mas também insignificante. Quanta coisa nessa vida há para aprender, acrescentar e, ali naquele banco, uma minuscula partícula divagava sobre outras partículas.

Foi então que lhe veio o estalo. Por menor que seja o seu conhecimento, havia ainda a imaginação fértil. Quantas histórias criou naqueles trinta minutos sentado naquele banco, histórias de motoristas, pedestres, motoqueiros, motoristas de ônibus, até a história do candidato naquele folheto que recebeu do menino nascido no bairro humilde, que engravidou a namorada e agora ta fazendo bico de todo jeito pra conseguir criar o be... epa... Então riu de sua própria cara! Apesar do conhecimento limitado, na sua cabeça, os pensamentos não tinham limites, as pessoas eram quem queria que fossem. 

De repente o seu telefone tocou, era o fim de sua espera, atendeu, levantou, foi caminhando de volta, quando pensou: - acho que quando chegar em casa vou terminar de ler aquele liv... Puta merda, o livro!!!!!


quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Orégano ou cravo? Nós

Escrever, dizem, é a válvula de escape da alma. Ao escrever, a gente cospe sentimentos, quase vomita tudo. Vim pra frente do computador pensando nessa frase, comecei a escrever tantas linhas, tantas vezes. Redigi, apaguei, achei que ia, apaguei de novo. Desisti. Mas minh'alma clama por esse alívio. Tantos pensamentos guardados, pensamentos geradores de sensações, sensações geradoras de ações, ações geradoras de atitudes, atitudes geradoras de reações, reações que geram pensamentos, e esse ciclo assim vai.

Essas últimas semanas têm sido doces e azedas, têm sido difíceis e recompensadoras. Nesse ciclo, vem a vida sendo norteada por essa ambiguidade de sensações geradas por pensamentos gerados por situações geradas por nós. Claro, a ambiguidade tem origem direta em, não apenas, atitudes de nós dois. Sei que tenho muita culpa nisso tudo. Mas não vou entrar em detalhes, nem falar sobre isso. O foco não é o que foi, é o que está sendo.

As conversas, cada vez mais confidentes, tornam a convivência cada vez mais íntima. Marcada por essa ambiguidade sentimental, os nossos pensamentos, muitas vezes divergentes, se confundem, e só percebemos isso assim, com essas conversas. Acima de todos os momentos doces e azedos, a certeza que nós sabemos das pretensões um do outro é uma marca ainda mais expressiva da intensidade que vivemos cada dia. Sei que nunca fui fácil, mas você também não é. Mas, quanto a isso, o que importa? Não faz diferença se você me xinga por que eu reclamo do orégano ou se eu te xingo por que você espreme o cravo na testa com força só de sacanagem. Sim, nós somos difíceis, tá vendo? Mas somos um.

Somos um. E durante nossas confidências, aumentamos a intimidade. Vamos percebendo a dimensão que temos realmente. E não importa se você abre mão do orégano ou se eu abro mão de não sentir a dor dos cravos. Importa apenas você abrir mão do orégano porque eu não gosto, eu abrir mão de não sentir dor porque você gosta de apertar cada poro mais escuro do meu rosto/costas/peito.

É assim que nós realmente somos norteados, por que a gente sabe o que realmente importa agora nessa vida.